sábado, 15 de setembro de 2007

Maus pelegos



A chula

Esta dança era tipicamente de desafio entre dois ou mais peões. Geralmente acontecia quando uma prenda estava indecisa, para dançar ou namorar com um ou outro mancebo. Antes que se formasse o bochincho e começasse o arranca-rabo, o dono da bailanta promovia a disputa pela dança. Quem vencesse no sapateio da chula provavelmente seria o parceiro da chinoca tão disputada. Então, os participantes apresentavam passos do sapateado, que deviam ser repetidos pelo adversário. Este, por sua vez, apresentava em seguida outros passos com maior grau de dificuldade. O rival deveria, então, repeti-lo, e mostrar outro sapateio mais difícil. E assim ia evoluindo o desafio, com sapateados cada vez mais difíceis, até alguém desistir, ou alguém sagrar-se vencedor. Os chuleadores deveriam dançar ao redor de uma lança colocada no chão, sem tocá-la. Quando os concorrentes eram bons, dava uma chula “linda que nem laranja de amostra”, e, às vezes, “comprida que nem xingada de gago”.
Mas, não era raro algum chuleador ficar em “maus pelegos”. É o que nos mostra o desenho de Wilmarx.

José Mário S. Guedes
Charla galponeira - Jornal O Agricultor – Dez/1984